Violão Velho

Monday, March 27, 2006

Lou Reed - Berlin (1973)

Berlin foi apelidado por Lester Bangs como "o álbum mais depressivo de todos os tempos", ok, aí pode existir um certo exagero, mas de fato Berlin não é um disco fácil. Alias, fácil realmente não seria o adjetivo apropriado quando nos referimos a Lou, pois seus trabalhos estão cheios de decisões de difícil compreensão, e rumos inesperados na sua carreira. Berlin é um “disco problema”, começando pelos arranjos esquisitões do produtor Bob Ezrin cheios de metais e cordas, e um piano narcótico, e obviamente terminando com letras nada usuais, sobre espancamento, drogas, problemas judiciais e obviamente a morte. Berlin não é um disco “legal” de se escutar, mas é de extrema importância ouvir o Duende Patético da Morte.

Este trecho do livro “reações psicóticas” de Lester Bangs, ajuda a entender um pouco de Berlin.

"Lá estava ele [Reed], esparramado em sua cama, cercado pelo seu bando, roadies e puxa-sacos assim como uma coisa estranha e meio feminina que o acompanhava à mesa durante o jantar, que eu havia primeiramente confundido com Bárbara e que agora eu conseguia olhar mais de perto. Dava vontade de, ao mesmo tempo, virar o olhar para o outro lado e se embasbacar em silêncio. À primeira vista eu tinha pensado que se tratava de alguma grande e escura morena européia de longos e espessos cabelos caindo pelos ombros. Então reparei que ela tinha uma barba e pensei na hora, bom, bacana, a mulher barbada com Lou Reed, combina bem. Mas agora eu a via ainda mais de perto e era sem sombra de dúvida um cara. Exceto que, por baixo de sua blusa transparente, parecia haver umas tetas. Ou alguma coisa do gênero. Era muito além de bizarro, entre luz e sombras. Era grotesco. Não era apenas grotesco, era abjeto como algo que poderia haver entrado rastejando furtivamente quando Lou abriu a porta de casa para pegar o leite e os jornais da manhã e simplesmente acabou ficando. Como um cão que você poderia chutar ou acariciar a cabeça, qualquer um desses gestos pouco importa porque toda forma de atenção ou reconhecimento de sua própria existência. Puramente estranha, uma senhora carga de espanto profano. Se o álbum "Berlim" fosse derretido numa fornalha e re-moldado em forma humana, seria essa criatura".

1 Berlin 3:24
2 Lady Day 3:39
3 Man of Good Fortune 4:38
4 Caroline Says I 3:57
5 How Do You Think It Feels 3:42
6 Oh Jim 5:14
7 Caroline Says II 4:13
8 The Kids 7:55
9 The Bed 5:51
10 Sad Song 6:55

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Lou Reed - Berlin - Download

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